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Fundação Abrinq atua para zerar as mortes por causas evitáveis em Sergipe

28/10/2021
Fundação Abrinq atua para zerar as mortes por causas evitáveis em Sergipe

Em abril deste ano, a Fundação Abrinq firmou uma parceria com a cidade Nossa Senhora do Socorro – SE para desenvolver o Programa Mortalidade Zero, que tem como objetivo zerar o número de óbitos infantis por causas evitáveis. 

A cidade está há quase 10 anos ocupando o segundo lugar entre os municípios com o maior índice de mortalidade infantil do estado, ficando atrás apenas de Aracaju. Em 2020 chegou, inclusive, a ultrapassar o indicador da capital, sendo a região com mais óbitos por causas evitáveis, ou seja, por falta de assistência e instrução à gestante, ausência de acompanhamento pré-natal e outros motivos. 

“Nossa Senhora do Socorro possui uma alta taxa de mortalidade infantil e esperamos que, junto ao município, seja implantado um Comitê de Mortalidade Infantil para investigar as mortes por causas evitáveis e, consequentemente, reduzir os indicadores locais e salvar a vida de tantas crianças”, explica Victor Graça, gerente executivo da Fundação Abrinq. 

Entre os óbitos analisados, foi constatado que a faixa etária com mais casos é a neonatal precoce, até 6 dias de vida, e as causas mais comuns são afecções maternas como hipertensão na gestação, infecção urinária, deslocamento prematuro da placenta, entre outras. 

Diante deste cenário, Cristina Leal, médica pediatra do serviço de verificação do óbito infantil e fetal de Nossa Senhora do Socorro, decidiu entrar em contato com a Fundação para que o programa fosse desenvolvido no município: “Eu vi a ação da Fundação Abrinq em São Cristóvão – SE e vi a mobilização na cidade, a formação de uma equipe, instituição, por exemplo, da ultrassonografia para as gestantes, que era algo muito difícil”, comenta.

“Eu vejo muitas carteirinhas de pré-natal e vejo a deficiência na realização dos exames. Quando as mães conseguem realizá-los, na maioria das vezes, é de maneira particular, porque é muito difícil marcar pelo serviço público. Eu acredito que com o peso da Fundação Abrinq a gente consiga intervir de uma maneira mais efetiva para tentar diminuir esse coeficiente de mortalidade infantil na cidade”, completa.

Entre as atividades previstas pelo programa, está a implantação de um Comitê de Mortalidade Infantil, formado por médicos, enfermeiros, agentes comunitários de Saúde, profissionais da Assistência Social e Educação, com o objetivo de identificar e planejar ações de intervenção para reduzir o óbito de crianças ocasionado por falhas nos serviços de saúde.

“Não adianta só falarmos em números, indicadores, é importante entendermos a causa e vermos o que pode ser feito, os pontos críticos no atendimento, desde a gestação até o nascimento, e ver no que podemos intervir”, relata Cristina.

Para isso, o programa prevê uma formação aos profissionais composta por quatro módulos: 

•    Agentes Comunitários de Saúde: um recurso estratégico para ampliar o cuidado da gestante e do bebê — visa trabalhar a busca ativa e o olhar do profissional para as gestantes, assim como orientá-lo sobre os cuidados com a mulher durante a gravidez e com o recém-nascido durante as visitas domiciliares. 

•    Enfermeiros e médicos: sobrevivência infantil e melhora da saúde materna — trabalha o olhar humanizado dos profissionais com as gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto, estimulando o cuidado com a mulher e o bebê. Contempla também temas como violência obstétrica e gravidez na adolescência.

•    Comitê de Mortalidade Infantil: uma estratégia vital — visa trabalhar a implantação do comitê e orientar sobre como deve ser realizada a investigação dos óbitos para que sejam identificados os processos que precisam de intervenção, bem como as recomendações que devem ser feitas à gestão para que seja possível melhorar os processos. 

•    Estímulo para criação de grupos de gestantes — trabalha com os profissionais a importância da criação de grupos de gestantes nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os grupos proporcionam a troca de vivências entre as gestantes e orientações sobre temas específicos além das consultas convencionais. A ação também é uma ferramenta de promoção à saúde de qualidade. 

“Cada profissional se formou em uma instituição, tem um tipo de informação e a partir do momento que se dá o curso, você consegue padronizar as condutas, atualizar esse profissional e sensibilizá-lo sobre sua importância em toda essa rede”, menciona Cristina.

As formações terão início neste mês e serão realizadas de forma online pela plataforma da Fundação Abrinq. 

“Um profissional de saúde bem treinado, que faça a consulta de pré-natal de maneira adequada, também previne várias complicações durante a gestação que podem levar ao óbito fetal ou parto prematuro”, finaliza. 

Programa Mortalidade Zero 

Em 2018 a Fundação Abrinq criou o Programa Mortalidade Zero para reduzir a mortalidade infantil em regiões que possuem um alto índice de óbitos por causas evitáveis. 

Para isso fortalece as políticas públicas locais e promove formações aos profissionais para que os atendimentos prestados pelos serviços de saúde às gestantes possam ser aprimorados. Além disso, a iniciativa também estimula a implantação do Comitê de Mortalidade Infantil e a criação de grupos de gestantes, com o intuito de orientá-las sobre os processos da gestação, parto e pós-parto. 

Entre 2018 e 2019, o programa atuou em Itaporanga D’Ajuda e São Cristóvão, em Sergipe, onde implantou o Comitê de Mortalidade Infantil, beneficiou mais de 5 mil crianças, 165 gestantes e formou mais de 160 profissionais. Atualmente, a iniciativa está presente em três cidades: Barreiras – BA, Nossa Senhora do Socorro – SE e Taquaritinga – SP. 

Conheça histórias de gestantes beneficiadas pelo programa: 

Bárbara: relato de uma gestação impactada pelo amor e acompanhamento
À espera do 4º filho, Marina conta como a enfermeira mudou sua experiência com a gestação

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