
Crise, emergência, urgência, ajuda, assistência… são termos que aparecem com frequência quando se fala em situações extremas. Mas você realmente sabe o que significam e como se diferenciam? Entender essas palavras é essencial para compreender como funciona a resposta humanitária diante de desastres e conflitos.
Uma emergência humanitária é um evento súbito que ameaça a vida, a segurança ou o bem-estar de um grande grupo de pessoas e exige uma resposta imediata e coordenada. Podem ser causas naturais, como terremotos, tsunamis, inundações, secas ou surtos de doenças, como epidemias; desastres provocados pelo homem, como poluição do ar, do solo e da água, conflitos armados ou acidentes industriais.
Por outro lado, uma crise humanitária ocorre quando as necessidades são tão grandes e complexas que superam a capacidade de resposta das autoridades locais, exigindo ajuda externa. Uma crise pode se originar de uma emergência repentina ou se desenvolver lentamente ao longo do tempo. Ela costuma envolver múltiplos fatores, naturais e humanos, e impactar setores essenciais da sociedade, como saúde, segurança, alimentação e educação, deixando efeitos que podem se estender por anos.
Um exemplo da relação entre emergência e crise: enchentes que atingiram a cidade de Porto Alegre – RS, em maio de 2024. A crise humanitária se instala quando a população precisa de abrigo, água potável, cuidados médicos e segurança, demandando atuação coordenada de diversas agências internacionais.
A diferença entre emergência e urgência também é importante. Urgência se refere a situações pontuais que exigem atenção imediata como um acidente ou uma pessoa ferida. Já a emergência humanitária envolve múltiplos fatores, afeta comunidades inteiras e precisa de coordenação em larga escala.
Ajuda e fases das ações humanitárias
A assistência humanitária é o conjunto de ações voltadas a reduzir os impactos de crises, garantindo itens básicos e proteção a grupos vulneráveis. Ela envolve distribuição de alimentos, água, roupas, atendimento médico e psicológico, criação de abrigos temporários e apoio à a saúde. É o “como” e o “o quê” se faz.
A ajuda humanitária, por sua vez, é “quem faz” e “de onde vem” a assistência, pode ser oferecida por governos, agências internacionais, ONGs, instituições religiosas e mobilizações da sociedade civil. Ela tem o objetivo de salvar vidas, reduzir sofrimento, proteger a dignidade e restabelecer condições mínimas de sobrevivência.
As formas de ajuda incluem:
- Ajuda de emergência: distribuição imediata de água, alimentos, roupas, medicamentos e abrigo.
- Assistência médica e psicológica: hospitais de campanha, vacinação e apoio a traumas.
- Proteção e segurança: defesa de direitos humanos, proteção de crianças, adolescentes mulheres e minorias.
- Reconstrução: recuperação de infraestrutura, moradias e serviços essenciais.
- Ajuda financeira ou logística: transferências de dinheiro, envio de equipes e transporte de suprimentos.
Todas essas ações buscam salvar vidas, minimizar impactos imediatos, garantir direitos básicos e criar condições para a retomada de uma vida digna. Para que esse objetivo seja alcançado de forma eficaz, as ações humanitárias seguem fases bem definidas: prevenção e preparação, resposta imediata, assistência continuada, reabilitação e reconstrução, e desenvolvimento sustentável e redução de riscos. Cada etapa é fundamental para reduzir danos imediatos e preparar a recuperação a longo prazo.
E por que tudo isso importa hoje? Porque as mudanças climáticas estão intensificando crises em todo o mundo. Chuvas mais fortes, enchentes prolongadas e ondas de calor não são apenas manchetes: significam casas destruídas, escolas fechadas e infâncias interrompidas, exigindo respostas rápidas e coordenadas para proteger vidas e preservar dignidade.
Programa Emergência Humanitária: o que a Fundação Abrinq fez no primeiro semestre
É nesse cenário que a Fundação Abrinq, por meio do Programa Emergência Humanitária, atua como um centro de resposta, colocando crianças e adolescentes no foco de todas as ações. O programa não se limita a distribuir doações: ele organiza e coordena medidas que garantem proteção, acolhimento e espaços seguros, mesmo em situações de crise ou caos. Assim, cada ação é planejada e acompanhada de perto para atender rapidamente às necessidades mais urgentes dos menores.
No primeiro semestre de 2025, a Fundação esteve presente em diferentes regiões do país, levando apoio imediato e fortalecendo redes locais de proteção:
- Ipatinga – MG: após chuvas intensas e deslizamentos na região do Vale do Aço, onde 267 crianças e adolescentes foram atendidos com implementação de um Espaço Seguro e Amigável próximo a um dos abrigos temporários, além da distribuição de materiais de limpeza. Reuniões com secretarias municipais e o Conselho da Criança e do Adolescente fortaleceram a rede de apoio local;
- Manaus – AM: em parceria com o Instituto Restaurar, a Fundação Abrinq apoiou famílias atingidas pela cheia do Rio Negro. Foram doadas 70 cestas de alimentos e higiene a 68 famílias responsáveis por 73 crianças e adolescentes, além de 50 kits escolares entregues a estudantes da região;
- Oficinas do Mural do Clima: até o momento, foram realizadas 27 oficinas, envolvendo 470 crianças e adolescentes. Além disso, 19 instituições de organizações da sociedade civil (OSCs) da Rede Nossas Crianças participaram de formações para multiplicar o aprendizado junto ao público atendido pelas instituições.
Além da resposta emergencial, a organização passou a realizar ações de conscientização com crianças e adolescentes sobre o tema. Foi nesse movimento que tiveram início as oficinas do Mural do Clima, realizadas em escolas e organizações da sociedade civil. Nessas atividades, crianças e adolescentes aprendem, de forma lúdica e participativa, sobre os efeitos das mudanças climáticas, utilizando materiais pedagógicos e desenvolvendo dinâmicas coletivas.
“Essa experiência foi ótima porque trouxe um tema importante para o cotidiano, que muitas vezes não entendemos na sua complexidade. As oficinas nos ajudaram a compreender como as crianças e os adolescentes percebem os impactos do clima em suas vidas”, conta Carla Camila Postigo Rodrigues, da equipe técnica do Centro de Promoção Social Bororé, em São Paulo, uma das primeiras instituições a receber a oficina.
Segundo ela, a metodologia “facilitou a compreensão dos usuários e mostrou que o futuro também depende deles, que sempre podem fazer a diferença”. Essa visão preventiva se conecta às fases de uma resposta humanitária, mostrando que não se trata apenas de reagir às crises, mas também de fortalecer comunidades para enfrentar os desafios que ainda virão.
Enquanto os efeitos das mudanças climáticas moldam novos cenários de crise, a Fundação Abrinq reafirma a sua missão de promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania de crianças e adolescentes.
Você também pode fazer parte dessa rede de proteção. Faça a sua doação e contribua para transformar a vida de quem mais precisa.