Notícias

Saiba como a Fundação Abrinq ajudou Luciano a sair do trabalho infantil

20/06/2022
Saiba como a Fundação Abrinq ajudou Luciano a sair do trabalho infantil

Para marcar o mês de combate ao trabalho infantil, a Fundação Abrinq traz a história do Luciano*, de 14 anos, nascido em Glória do Goitá – PE, um menino brincalhão e cheio de sonhos, mas que, infelizmente, foi exposto à esta violação. Contudo, a atuação de uma organização local conveniada ao Programa Nossas Crianças transformou esta dura realidade e o garoto pôde novamente voltar a sonhar.

Quem chega ao município localizado a 62 quilômetros de Recife, nem imagina a riqueza cultural da cidade de pouco mais de 30 mil habitantes. A região possui tradição no maracatu, dança típica de Pernambuco e o título de capital estadual do mamulengo, teatro popular de bonecos da região Nordeste.

Casa de Farinha

Há dois anos, Luciano não tinha tempo de aproveitar a vida cultural que a cidade oferecia. Acordava às 2h da madrugada para ajudar a descarregar o caminhão de mandioca que chegava à “Casa de Farinha” (lugar onde se transforma o tubérculo em farinha) da região. Além disso, auxiliava a tia na raspagem da mandioca. Ela estava desempregada e não conseguia um trabalho formal. Este foi o local que conseguiu para que pudesse levar o sustento para casa. Porém, o valor pago aos trabalhadores depende do quanto produzem. Por isso, Luciano a ajudava no trabalho e, ambos, acordavam cedo para iniciar a tarefa.

Mesmo com toda a dificuldade e cansaço, o menino frequentava a escola e as atividades na Giral Desenvolvimento Humano e Local, organização da sociedade civil e referência no município desde 2007, com o desenvolvimento do programa de formação integral para crianças, adolescentes e jovens, em parceria com escolas públicas e outras organizações sociais.

Mas o rendimento dele não era o mesmo de antes e os professores observaram que o menino já não participava mais das atividades de maneira satisfatória.

Elisângela Luz, assistente social da instituição e coordenadora da Rede Municipal de Proteção à Infância e Adolescência, conta que foi durante uma aula, cujo tema abordado pela educadora era o combate ao trabalho infantil, que Luciano revelou o que acontecia. “Ele disse que ficava muito cansado durante as aulas e o motivo era que tinha que acordar cedo para trabalhar. Percebemos que ali havia um problema”.

A assistente social relata que foi necessário chamar a tia na organização para conversar sobre a situação que o adolescente estava vivendo. “Nós a conscientizamos sobre os prejuízos da exposição ao trabalho infantil. Em paralelo, o inscrevemos no projeto Educação Integral, em que oferecemos aulas de reforço com incentivo à leitura, ele passou a vir para a Giral três vezes na semana, com atividades dirigidas e proporcionando um espaço, ao mesmo tempo, seguro e saudável para o desenvolvimento dele ”.

Conscientização

A organização disponibiliza atendimento psicossocial às famílias dos atendidos por meio de visitas domiciliares e encontros mensais sobre diversas temáticas relacionadas à Proteção das crianças e dos adolescentes. “Procuramos manter um canal aberto com as famílias. No mês de maio, abordamos a violência sexual infantil, como identificar e denunciar. Neste mês, vamos conversar sobre o combate ao trabalho infantil. Este trabalho de conscientização tanto com os familiares quanto com os alunos é fundamental para identificarmos possíveis problemas e atuarmos em conjunto para minimizar estes impactos. Além disso, realizamos um acompanhamento por meio de visitas técnicas e, assim, monitoramos cada situação. Foi assim com o Luciano”, explica Elisângela.

Em janeiro deste ano, em uma das visitas técnicas à família de Luciano, Elisângela conta que a tia do menino conseguiu um emprego formal. “Ela está trabalhando, na área de serviços gerais da atual gestão da Prefeitura Municipal”.

Luciano, atualmente, dedica-se às aulas na escola e as atividades na Giral.

Hoje, mais de 1,7** milhão de crianças e adolescentes estão em situação de trabalho infantil no Brasil. O trabalho precoce acarreta em diversas consequências, desde físicas até psicológicas, que podem se perpetuar por toda a vida. Acesse www.naoaotrabalhoinfantil.org.br e saiba mais sobre esta violação.

 

*Nome e imagem fictícios para preservar a identidade do adolescente.

**Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) – 2019.

Acompanhe a Fundação Abrinq nas redes sociais