Todos os anos, cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuros no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, um em cada dez partos ocorre antes da 37ª semana de gestação, o que coloca o país entre os dez com maior número de nascimentos prematuros no mundo, de acordo com o Ministério da Saúde. Por trás desses números estão histórias de famílias que vivem entre o medo e a esperança, marcadas pelo som dos respiradores, pela força da vida e pelo amor que sustenta cada dia de espera.
A prematuridade é uma das principais causas de mortalidade neonatal e infantil, mas também é um problema que pode ser amplamente prevenido. Falar sobre o tema é urgente porque, a cada semana que o bebê permanece no útero, aumentam suas chances de sobreviver, de se desenvolver plenamente e de ter uma vida saudável.
A Campanha Novembro Roxo, criada em 2011 pela organização European Foundation for the Care of Newborn Infants (EFCNI) e trazida ao Brasil pela ONG Prematuridade.com, nasceu com o propósito de dar visibilidade à causa, conscientizar sobre a prevenção e apoiar famílias e profissionais da Saúde. Desde então, o mês de novembro se transformou em uma rede de solidariedade e informação em todo o país, com ações em maternidades, escolas, instituições de saúde e nas redes sociais.
Neste ano, o tema Garanta aos prematuros começos saudáveis para futuros brilhantes reforça a importância de investir desde cedo na saúde materno-infantil, garantindo acompanhamento, afeto e oportunidades que possam transformar o início da vida em um caminho de possibilidades.
O que está por trás do nascimento prematuro
A prematuridade é uma condição multifatorial, não existe uma única causa, mas sim uma soma de fatores biológicos, sociais e emocionais que podem antecipar o nascimento.
Entre as principais causas estão:
- Hipertensão e pré-eclâmpsia;
- Diabetes gestacional;
- Infecções;
- Gestação múltipla (gêmeos, trigêmeos);
- Intervalo curto entre gestações;
- Tabagismo, consumo de álcool ou outras substâncias;
- Estresse e esforço físico excessivo durante a gravidez.
Também há fatores associados a questões socioeconômicas, como o acesso limitado ao pré-natal, condições precárias de moradia, violência doméstica e insegurança alimentar, que aumentam o risco de parto prematuro.
Segundo a OMS, três em cada quatro partos prematuros poderiam ser evitados com cuidados simples e eficazes durante a gestação e o parto. O pré-natal é, portanto, a principal ferramenta de prevenção. É nele que o profissional de saúde monitora a evolução da gravidez, identifica sinais de risco e orienta hábitos que fortalecem o bem-estar físico e emocional da mãe.
Entre os sinais de alerta que podem indicar risco de parto prematuro estão:
- Contrações regulares antes da 37ª semana;
- Dor ou pressão na parte inferior do abdômen;
- Perda de líquido amniótico;
- Aumento repentino de corrimento vaginal.
Ao perceber qualquer sintoma, a recomendação é procurar atendimento médico imediatamente. O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado podem fazer toda a diferença entre um parto prematuro e uma gestação que segue em segurança até o fim.
Cuidar é prevenir: os primeiros mil dias que salvam vidas
A prevenção da prematuridade não termina no parto. Ela começa antes mesmo da gestação quando a mulher cuida da própria saúde e se estende pelos dois primeiros anos de vida do bebê, período conhecido como os primeiros 1000 dias.
Esse intervalo, que reúne 270 dias da gestação, 365 do primeiro ano e 365 do segundo, é considerado pela OMS uma janela única e determinante de oportunidades. É quando se formam as bases do desenvolvimento físico, cognitivo e emocional da criança e se constrói o alicerce para uma vida mais saudável.
Durante a gestação, um novo corpo se forma, um coração aprende a bater e uma mulher descobre dentro de si uma força que talvez nunca tivesse percebido antes. A Fundação Abrinq, por meio do Programa 1000 Dias, atua justamente para acolher esse momento e investir no cuidado integral de mães e bebês.
O programa oferece orientação nutricional, acompanhamento pré-natal e incentivo à amamentação, pilares fundamentais para garantir o desenvolvimento saudável e reduzir os riscos de complicações. Além disso, contribui para fortalecer o vínculo entre gestante e bebê, ampliando a rede de apoio familiar e comunitária.
Como prevenir a prematuridade
Nem todos os casos de parto prematuro podem ser evitados, mas a prevenção é possível em grande parte das gestações. A OMS e o Ministério da Saúde recomendam alguns cuidados essenciais:
- Realizar o pré-natal regularmente, com acompanhamento médico e exames em dia;
- Manter hábitos saudáveis, com alimentação equilibrada, sono adequado e prática leve de atividade física;
- Evitar o uso de cigarro, álcool e drogas;
- Tratar infecções e doenças crônicas conforme orientação médica;
- Cuidar da saúde emocional, reduzindo o estresse e buscando apoio psicológico quando necessário.
Esses cuidados ajudam a proteger a saúde da mãe e do bebê, reduzindo riscos e contribuindo para uma gestação mais tranquila e segura.
Mas prevenir também é oferecer informação e acolhimento. É criar espaços em que a gestante se sinta ouvida, segura e amparada. É garantir que acesso ao pré-natal para todas as mulheres. É compreender que cuidar da mulher é cuidar do bebê, e cuidar do bebê é cuidar do futuro.
A urgência de continuar falando sobre o tema Falar sobre prematuridade é falar sobre direitos o direito à vida, ao cuidado e à saúde desde o início. É reconhecer que a informação salva, que o acesso equitativo à assistência materno-infantil é uma necessidade pública e que cada bebê merece começar a vida no tempo certo, com todas as oportunidades de se desenvolver plenamente.
A Campanha Novembro Roxo surgiu para ampliar essa conscientização. Ao longo do mês, escolas, hospitais, comunidades e instituições se unem para vestir o roxo e compartilhar mensagens de apoio, prevenção e esperança. É um convite à reflexão sobre o papel de cada um, profissionais da saúde, familiares, educadores e sociedade, na proteção da primeira infância.
A cor roxa simboliza sensibilidade e empatia e é essa sensibilidade que conecta todos os envolvidos na causa. Porque a prematuridade é um desafio que ultrapassa as fronteiras da medicina: é um compromisso coletivo com o início da vida.
Programa 1000 Dias: cada dia conta, cada cuidado salva uma vida
A chegada antecipada de um bebê transforma o tempo. As horas se alongam em UTIs, e os minutos se tornam preciosos. Mas é também nesses momentos que se revelam histórias de coragem, de mães que não desistem, de profissionais que acolhem, de instituições que acreditam que informação e cuidado mudam destinos.
A Fundação Abrinq, ao apoiar o Programa 1000 Dias, reforça esse compromisso: o de garantir que mais crianças tenham a chance de nascer, crescer e viver de forma saudável. Falar sobre prematuridade é olhar para o início da vida com responsabilidade e ternura. É compreender que cada dia conta, e que cada cuidado salva uma vida.
Novembro Roxo é mais que um mês de conscientização, é um chamado à ação. Para que nenhum bebê precise lutar sozinho, e para que toda mãe encontre, na rede de cuidado e informação, o apoio necessário para viver uma gestação plena, segura e acolhedora.