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100 anos da Semana de Arte Moderna: a semana que transformou a cultura brasileira

01/02/2022
100 anos da Semana de Arte Moderna: a semana que transformou a cultura brasileira

O mês de fevereiro celebra o centenário da Semana de Arte Moderna, um dos eventos mais importantes da cultura brasileira.

Marco oficial do modernismo brasileiro, a Semana de Arte Moderna – ou Semana de 1922 - aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo e reuniu artistas das mais diversas áreas, entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Apresentações musicais e conferências intercalavam-se às exposições de escultura, pintura e arquitetura, com o objetivo de introduzir ao cenário brasileiro as mais novas tendências da arte.

Para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna, a Fundação Abrinq irá trabalhar o tema em uma série de matérias sobre o evento que mudou os rumos da cultura brasileira e mostrará a importância da arte para as crianças e os adolescentes.

Contexto histórico

O início do século XX trouxe inúmeras mudanças ao modo de viver europeu. A arte, portanto, precisava acompanhar essas mudanças. Vinham à tona as vanguardas artísticas e, com elas, a consolidação da modernidade.

O Brasil, por sua vez, também começava a se modernizar. As primeiras indústrias começavam a se instalar na cidade de São Paulo e a produção de café do interior paulista gerava receita de exportação, transformando o estado em novo centro econômico brasileiro.

Além disso, 1922 foi o centenário da Independência do Brasil. Assim, o cenário era ideal para a renovação artística nacional. O país, que se transformava e se modernizava, precisava de um novo olhar artístico, sociocultural e filosófico que propusesse uma arte nacional original e atualizada, trazendo um pensamento a respeito da realidade e da variedade cultural, características do território brasileiro.

Influenciados pelas escolas de arte europeias e pela renovação geral no panorama da arte ocidental, esses artistas e intelectuais brasileiros uniram seus esforços para apresentar as suas produções ao grande público. A capital paulista foi o palco dos eventos da Semana de Arte Moderna, que contou com o patrocínio de diversos membros de industriais que ali se consolidavam.

Principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922:

Arquitetos: Antonio Moya, Georg Przyrembel;

Escritores: Manuel Bandeira, Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade,

Escultor: Victor Brecheret;

Músicos: Ernani Braga, Guiomar Novais, Heitor Villa-Lobos;

Pintores: Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti, John Graz, Vicente do Rego Monteiro, Candido Portinari.

Grupo dos Cinco

O Grupo dos Cinco foi o grupo de artistas que idealizou a Semana de Arte Moderna no Brasil, formado pelas pintoras Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, e pelos escritores Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade.

Anita Malfatti

Nasceu em São Paulo em 1889. Foi pintora, desenhista e professora. É considerada a precursora do movimento modernista brasileiro. Em 1910, foi para Alemanha aprender arte. Lá, conheceu pintores modernos, como Loris Corinth, com quem aprendeu técnicas expressionistas. Sua primeira exposição ocorreu em 1914, após retornar da Europa. Foi em 1917, quando realizava a sua segunda exposição que conheceu Mario de Andrade, com quem viria a idealizar a Semana de Arte Moderna. Anita se aprofundou nas teorias das cores e passou a misturar as tintas diretamente na tela. Entre suas obras mais conhecidas temos A Boba, O Homem Amarelo e A Estudante Russa. Esta última faz parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Mário de Andrade

Poeta, escritor, musicólogo e pioneiro da poesia moderna brasileira. Nascido em São Paulo em 1893, é considerado figura central na Semana de Arte Moderna. Estudou música no Conservatório Musical de São Paulo e foi autodidata nas outras áreas. Ficou conhecido pelas obras Paulicéia Desvairada (1922) e Macunaíma (1928). O prefácio de Paulicéia Desvairada é um manifesto inicial do Modernismo no Brasil.

Menotti del Picchia

Nascido em São Paulo, em 1892, Menotti del Picchia foi poeta, romancista, ensaísta, cronista, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi ativista do Modernismo, mas sua obra mais marcante é o poema “Juca Mulato”, em que a temática é o caboclo, o maior traço do Pré-Modernismo. Foi fundador, redator e colaborador de vários jornais paulistanos e suas crônicas publicadas no Correio Paulistano, entre 1920 e 1930, constituíram-se numa espécie de diário do modernismo.

Oswald de Andrade

Paulistano, nascido em 1890, foi escritor modernista idealizador da Semana de Arte Moderna e do movimento Antropofágico. Começou a trabalhar como repórter e crítico de teatro no Diário Popular em 1909. No mesmo ano, ingressou no curso de Direito. Em 1911, fundou e dirigiu o jornal semanal O Pirralho. No ano seguinte, deixou o jornal para fazer uma viagem por vários países da Europa. Em Paris, teve contato com as vanguardas artísticas. Ao retornar ao Brasil, em 1917, foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna. Junto com Tarsila do Amaral, criou o Movimento Antropofágico, que sugeria criar literatura e pinturas nacionais após devorar outras culturas estrangeiras.

Tarsila do Amaral

Foi uma das principais artistas do modernismo no Brasil, iniciando o Movimento Antropofágico nas artes plásticas. Pintora e desenhista, nasceu em Capivari, em 1886. Em 1917, teve aulas no ateliê de Pedro Alexandrino, onde conheceu Anita Malfatti. Estudou em Paris de 1920 a 1922 e não participou da Semana de Arte Moderna. Ao retornar ao Brasil, em 1922, foi apresentada por Anita Malfatti a Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, com quem formaria o Grupo dos Cinco. Após uma viagem por Minas Gerais e Rio de Janeiro, passou a retratar paisagens urbanas e rurais com cores típicas da região, usando a técnica cubista. Esta fase ficou conhecida como Pau Brasil.

Como foi a Semana de 22

A Semana de Arte Moderna representou uma nova visão da arte e trouxe uma proposta “mais brasileira” dentro do contexto da época. Porém, nem todo mundo gostou das propostas da Semana de 22, a qual foi alvo de muitas críticas e polêmicas.

Entre os dias 13 e 17 de fevereiro, o Teatro Municipal de São Paulo permaneceu aberto para visitação. Em seu saguão, instalou-se uma exposição de pintura e escultura. Obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, entre outros, estavam expostos ao público brasileiro, nada acostumado às novas formas de representação propostas pelo modernismo.

A Semana teve apresentações musicais, saraus literários, declamações de poemas. O arquiteto Georg Przyrembel trouxe o estilo Neocolonial com o seu projeto residencial Taperinha, construída na Praia Grande – SP.

O evento chocou parte da sociedade ao trazer uma nova visão sobre os processos artísticos. A Semana representou a ruptura com o passado, a renovação de linguagem, da busca pela experimentação e da liberdade de expressão. Ao longo do século XX, teve o seu valor histórico reconhecido e foi considerada o marco inicial do movimento modernista brasileiro. As ideias que surgiram na Semana de 22 se desdobraram em movimentos diversos que levaram seu legado adiante.

Para saber mais sobre os 100 anos da Semana de Arte Moderna, fique atento ao site www.fadc.org.br .

 

Fontes:

SILVA, M. J. C.; THOMAZ, L. V. Colorindo a Semana de 22. São Paulo: Editora Datum, 2020.

SECRETARIA ESTADUAL DE CULTURA DE SÃO PAULO. 100 anos da Semana de Arte Moderna de 22 – https://www.cultura.sp.gov.br/semana22/.

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